quarta-feira, 9 de outubro de 2013

0 A Missão da Igreja

Por Romildo Gurgel 

A primeira menção das escrituras da palavra igreja (ecclesiae) se encontra no texto de (Mateus 16).  Jesus aqui interpreta não só o mistério como também traduz o seu envolvimento direto com ela. Jesus é o fundador da igreja cujo fundamento tem implicações diretas com a revelação da sua pessoa. Não há como entender esse mistério sem que atentemos para a função do Senhor como o cabeça da criação dessa comunidade.  A comunidade  é formada por todos aqueles que são chamados dos que estão do lado de fora dela. Isto porque o significado literal da palavra Igreja é: “aqueles que são chamados para fora”, ou seja, as pessoas de todo o mundo são convidadas a saírem desse sistema dominado pelo seu príncipe, para se tornarem Igreja.

A igreja era um mistério oculto até que o apóstolo Paulo elucidou pormenorizadamente esse mistério através de suas cartas escritas como (Colossenses 1:24-26, mais especificamente o vs 26). 

Compreendemos assim, que a Igreja é a detentora e o baluarte da verdade, coluna esta de sustentação dessa grande construção, onde o mesmo apóstolo diz que lançou o fundamento como prudente construtor, fazendo uso dessa verdade, aonde outros viriam e edificariam sobre este fundamento que é Jesus Cristo (1Coríntios 3:10-11). O apóstolo Pedro corroborou com os escritos de Paulo, pois foi através da experiência de (Mateus 16) que depois escreveu em sua primeira epístola dizendo:

“chegamos a Ele a pedra que vive (fundamento), rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo” (1Pedro 2:4-5).

O propósito primeiro da existência de uma comunidade cristã, é estar nesta verdade, recebê-la, entendê-la, desfrutá-la, tornando-a  sua experiência de vida. Sabendo que ao ouvir a proclamação da verdade e crendo nela, assegura (comunidade) sua alma para a salvação, quando reage apropriando-se através de uma atitude de fé confessional. 

Os agentes da missão são os proclamadores que abraçaram o ministério da reconciliação. Estes são aqueles que após receberem a palavra, foram selados e enviados a proclamarem (kerigma) essa verdade para que haja a continuidade dessa construção  do santuário do Senhor, sua Igreja, tabernáculo móvel que envolve todos os seus santos que nasceram da semente da incorruptibilidade (1Jo.3:9; João 1:12-13; 3:1-8)

Os requisitos para o ministério podem ser muitos, mas inquestionavelmente o primeiro deles deve ser a experiência do novo nascimento efeito da conversão, reação essa que acontece após ouvir as boas novas de salvação em Jesus Cristo.
           
O papel fundamental da igreja local é educar os seus membros e levá-los a receberem os dons que Deus disponibiliza para que sejam equipados para toda boa obra ministerial para o aumento deste edifício.  Este preparo ministerial pode ser a nível  local  e a nível que cruze além da sua fronteira geográfica.  Os dois níveis devem focar-se na distinção entre o que é fé e do que não é fé. Ambos os níveis, devem ser comprometidos a exercerem ministério nos ambientes que não exista fé perceptível ou saudável, avaliando se o fundamento edificado não foi alterado, ou modificado.  Onde quer que esteja o povo de Deus é chamado a participar da missão de Deus (Missio Dei). É Deus quem comissiona sua igreja não ela mesma.
           
A essência da comunidade da fé consiste no compromisso de cumprir essa missão comissionada por Deus. A Igreja permeia entre dois ambientes: a comunidade da fé (comunidade em treinamento) e a comunidade sem fé (a ser alcançada). A Igreja que não se compromete com a missão de proclamar a salvação de Jesus, deixou de ser igreja, ou melhor, esta não é a igreja comissionada por Deus, pois estão lançando outro fundamento que não é Cristo. Comunidade assim se parece com um clube religioso onde todos os meses os seus membros pagam as suas taxas como mantenedores, e vivem como meros amigos que aprenderam o vocabulário de uma agência de bem-estar sócio-cultural-espiritual; que são entretidos pelos programas, correntes, promessas financeiras e ainda mais consumindo os seus produtos em troca de bênçãos. Podemos afirmar que esse tipo de evangelho tem o homem como centro (evangelho humanista). O evangelho humanista o sujeito de ação é o ser humano atuando no palco do uso e das atribuições, enquanto que, o evangelho de Deus atua através da trindade, tratando os homens como paciente realmente passivo. No evangelho humanista a experiência está na pauta do engodo do consumo para satisfação própria, como os gentios que assim procedem. E por se tratar de um “ambiente religioso” entre aspas, se aceita tudo como sendo verdade sem questionar. E por não perceberem, são atraídos por propostas  gananciosas que sedem sem a mínima cautela, como está escrito:

“Porque esses tais não servem a Cristo nosso Senhor, e, sim, a seu próprio ventre; e, com suas palavras e lisonjas enganam os corações dos incautos” (Romanos 16:18).

O mínimo da experiência que colhem com isso é a frustração e a experiência do seu próprio esforço profissional ou certo desencargo de consciência por estarem ali apostando tudo, lhe sendo vedado a experiência do novo nascimento.  Veja a advertência do Senhor:

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque fechais o reino dos céus diante dos homens; pois, vós não entrais, nem deixais entrar os que estão entrando” (Mateus 23:13).

Continua anda o Senhor advertindo a esses falsos proclamadores:

“Ai de vós escribas e fariseus, hipócritas! Porque rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito; e, uma vez feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós” (Mateus 23:15).


Equipar homens e mulheres é a função da igreja local e a combater a mentira pela verdade. Na Igreja, todos os seus membros deveriam abraçar o ministério da reconciliação, podendo exercer este ministério dentro da comunidade (equipando os santos para toda boa obra) e ao mesmo tempo mobilizando-os para o campo onde não exista fé explícita.

No entanto é razoável pensar que o caminho da missão não é de mão única, é uma via de mão dupla. Jesus Cristo tanto ensinava pedagogicamente como também praticava o que ensinava.  A abrangência ministerial de Jesus está naquilo que Ele leu em uma sinagoga na cidade de Nazaré quando lhe deram o livro do profeta Isaias onde achou o lugar que está escrito:

“O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor” (Lucas 4:18-19).

Após a leitura entregou o livro ao assistente e disse: Hoje se cumpriu a escritura que acabais de ouvir” (v.21).

Só deste texto podemos extrair cinco mistérios:

1 – Evangelizar aos pobres.
2 – Proclamar libertação aos cativos.
3 – Restauração da vista aos cegos.
4 – Por em liberdade os oprimidos.
5 – Apregoar o ano aceitável do Senhor.


A Igreja local é chamada a manifestar seus ministérios no mundo, não só pelo conteúdo que proclama, mas também pelo que pode fazer em resposta as necessidades das pessoas que estão em sua volta, através da ação primeira, a salvação das almas.  A"grande comissão" foi entregue  aos apóstolos, pois a eles foi lançado o desafio de  pregar o evangelho em todo o mundo, e no evangelho de Marcos há mais detalhes sobre isso. Enquanto Marcos fala de pregar o evangelho, Mateus fala também de fazer discípulos e ensinar, o que mostra que a grande comissão tem um escopo mais amplo do que apenas pregar o evangelho.

(Mateus 28:19)  Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.



(Marcos 16:15-16)  E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. 

A grande comissão incorpora a pregação do evangelho e o ensino de todas as coisas que Jesus tem mandado guardar. É a própria trindade que se interessa pelos perdidos. A Igreja tem a missão de reunir todas as pessoas ao redor do mundo, para ter comunhão com a trindade, da mesma forma que a trindade possui comunhão entre si, devemos ter comunhão  uns com os outros, pois a parede da separação foi derrubada.  

Os dons do Espírito é uma capacitação sobrenatural que habilitam o homem de Deus a desempenhar o mandato da reconciliação.
           

O que muito tem sido difundido atualmente é que muitas igrejas tem se distanciado do modelo do kerigma ensinado por Jesus e interpretado pelos seus apóstolos.

Não é a toa que o cristianismo de consumo está no centro do movimento de crescimento dessas igrejas e seu efeito letal se encontra quase que em todas elas.  Através do seu marketing até mesmo as igrejas históricas sutilmente tem cedido a essa dissimulação.  Inevitavelmente, isso tem afetado a pregação, a música, o ensino, as programações, as orações e o sentido real de bênção. As pessoas pensam que ao comprar os produtos religiosos estão adquirindo a espiritualidade tão necessária para obterem a bênção.  A grande verdade é que Jesus veio resgatar os pecadores e não os consumidores. Cabe aqui a advertência  apostólica:

“Pois muitos andam entre nós, dos quais repetidas vezes eu vos dizia e agora vos digo até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo: O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia; visto que só se preocupam com as cousas terrenas” (Filipenses 3:18-19).

E ainda adverte o apóstolo Paulo:

“Admira-me que estejais passando tão depressa que vos chamou na graça de Cristo, para outro evangelho; o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo” (Gálatas 1:6-7).

A intenção de Deus criar a Igreja não foi de prover serviços aos seus membros, ao contrário, ela deve desafiar os seus membros a obedecerem ao evangelho e a servirem  a Deus e a seus semelhantes .

Que Deus nos ajude e nos abençoe.

Romildo Gurgel

Bibliografia:

1 - PADILLA C. Renè. O que é missão integral? pp.1-22 Editora Ultimato. Viçosa-MG 2009.







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